A estratégia de testagem e o teste PCR

Neste momento a grande verdade que está a ser provada é que, quando o teste PCR é feito já a pessoa ultrapassou o período em que transmite a infecção e já contagiou todos os que com ela contactam.

A transmissão da doença dá-se do 1º ao 8º dia dos sintomas!

A maneira como se admite a testagem da COVID-19 pelo PCR está portanto a mudar.

As medidas ridículas que estão a ser tomadas para conter a transmissão são completamente inúteis e obsoletas, prejudicando os cidadãos e violando todos os direitos à liberdade e ao trabalho.

Muito se tem falado da especificidade deste teste. Mas será que a sua sensibilidade é a adequada ao contexto actual da pandemia? Isto está a ser posto em causa e dá novas perspectivas de futuro.

A sensibilidade de um teste é a sua capacidade para detectar moléculas de RNA ou uma proteína vírica. Porém, uma coisa é detectar uma molécula, outra é detectar uma infecção numa determinada população, isto é, a sensibilidade da estratégia de testagem ou seja a probabilidade de uma pessoa infectada ser detectada antes de poder transmitir a doença a outros.

Em situação de pandemia é muito mais eficaz ter um teste que detecte rapidamente uma infecção do que um teste que seja capaz de ir ao pormenor de detectar ínfimas quantidades de uma determinada molécula. Mais precisamente, o teste deve ser capaz de detectar infecções a tempo de evitar a transmissão pois tem a finalidade de baixar a prevalência da doença. Além disso deve ser pouco dispendioso para poder ser usado em larga escala. É exactamente o contrário do que se pretende na clínica do dia a dia onde testamos pessoas sintomáticas e procuramos um teste com elevada sensibilidade que nos confirme o diagnóstico preciso com uma só análise, mesmo que esta seja onerosa. 

As características da transmissão do SARS-COV-2 faz com que o timing seja extremamente importante pois o contágio dá-se poucos dias depois da exposição ao vírus, quando a carga viral é alta.

É portanto imperativa uma testagem frequente, com comunicação rápida do resultado, de modo a evitar a propagação.

Para a escolha de um teste para controlo de uma pandemia há requisitos que devem ser tidos em consideração:

  1. Com que frequência vai ser usado
  2. Quem deve ser testado
  3. Em que momento, no decurso da doença o teste é eficaz
  4. Se os resultados do teste chegam a horas para evitar a disseminação

É aqui que o PCR falha.

  • Entre a exposição e a colheita podem decorrer vários dias de espera;
  • Depois da colheita tem que ser transportado para os laboratórios de referência; 
  • Dada a quantidade de amostras não pode sempre ser lido no mesmo dia;
  • Os resultados só se sabem no dia seguinte ou com sorte no mesmo dia muitas horas depois.

Além disso, a longa duração da positividade "long tail of RNA positivity" após a fase de contágio ter passado, faz com que a maioria das pessoas que foram expostas e são testadas após o período de contágio (6 a 8 dias), sejam positivas quando já nem são transmissoras do vírus.

É aqui que o Cycle Threshold (ct) é importante, pois positividades que só são detectadas acima de um ct 30 correspondem a baixas cargas virais ou mesmo resíduos víricos. Assim, a "long tail of RNA positivity" sugere que a maioria das pessoas são testadas após o período de  infecciosidade ter passado. Milhares de pessoas são enviadas para quarentena depois de um PCR positivo quando já não são transmissoras da infecção.

Os testes rápidos, que felizmente já existem, tomam aqui a sua relevância permitindo testar grande número de pessoas repetidas vezes de modo a detectar rapidamente os transmissores no pico de carga vírica. A importância desta estratégia é enorme pois permite a testagem rápida antes da entrada nos locais de trabalho, sobretudo hospitais e instituições onde estão os grupos de maior risco.

Baseado no estudo Rethinking Covid-19 Test Sensitivity — A Strategy for Containment

Data: 
27 Nov, 2020
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